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Caracterização geográfica e biofísica da Área do Parque Natural do Douro Internacional
O Parque
Natural do Douro Internacional (PNDI) foi criado através do Decreto Regulamentar
8/98 de 11 de Maio, com o objetivo de conservar o património natural,
promovendo, ao mesmo tempo, a melhoria da qualidade de vida das populações
locais, em harmonia com a conservação da natureza. “Ao longo de mais de 130 km o rio Douro e o seu afluente Águeda constituem a fronteira natural entre Portugal e Espanha. Neste troço, o vale do Douro assume, devido à sua geomorfologia, uma estrutura de canhão fluvial, com declivosas vertentes, ditas «arribas», onde abundam os afloramentos rochosos. Este enclave orográfico, de características únicas em termos geológicos e climáticos, condicionou as comunidades florística e faunística e as atividades rurais. A vida selvagem, em especial a avifauna, assume clara relevância à escala nacional e em diversos aspetos à escala internacional (Programa CORINE - Biótopos, Lista Nacional de Sítios da Diretiva 92/43/CEE).” Parafraseando Xosé Manuel Souto González, em “Geografia do Eixo Atlântico”, esta região, abrangida pelo Parque Natural do Douro Internacional, caracteriza-se pela qualidade dos recursos na determinação da qualidade de vida que se manifesta na vocação excecional do Rio Douro para o aproveitamento energético que lhe é conferida pelas suas características morfológicas associadas ao seu regime hidrológico, particularmente no troço internacional, o perfil longitudinal de forte declive médio e o perfil transversal de tipo vale encaixado, assim como pelo aproveitamento das ribeiras, quer no plano das regas, quer no património dos moinhos, quer na nidificação das aves e desenvolvimento de espécies de flora diversificada. A diversidade da vegetação é grande. Aí se inclui o carvalho negral ou português, na parte mais planáltica, assim como algumas azinheiras nas encostas do Douro, entrecruzados com as manchas dos sobreirais. Os zimbrais, (elemento fundamental na edificação das habitações tradicionais), quer nas encostas do Douro, quer na zona planáltica, dão um novo colorido verdejante à paisagem e são um ex-libris deste território. Todas estas espécies se encontram num estado de degradação progressiva, devido à ação exercida pelo aumento da frequência dos incêndios florestais e outros fatores externos ao ecossistema natural. Por outro lado, é de salientar a existência de amieiros, salgueiros e freixos que se notam nas zonas mais húmidas, quer junto do rio ou ribeiras, quer nos lameiros ou pastos mais fundos, junto dos aglomerados populacionais e que são a sustentabilidade do gado bovino. Ainda neste aspeto é curioso apreciar, em Maio, o florido das diferentes espécies de giestas. Se umas são para fazer vassouras, outras servem para, depois de picadas, misturar com a palha para estrume, ou depois de secas, para acender a lareira, nas longas e frias noites de Inverno. A fauna também é diversificada, especialmente em termos de aves, sendo de destacar o grupo das aves, que nidificam nas vertentes escarpadas do Douro, como a Cegonha-preta, o Abutre do Egipto, o Grifo, a Águia-real e a Águia de Bonelli. Estas possuem aqui os seus santuários de vivificação. Daqui se conclui que a presença de vincadas identidades paisagísticas, associadas a uma forte diversidade cultural, de que são exemplo as manifestações do património arqueológico, do património arquitetónico e dos conjuntos edificados, constitui um recurso a valorizar, no âmbito da promoção integrada de todo este território regional. A manutenção e preservação destas identidades regionais, naturais e culturais exigem medidas de requalificação de espaços tradicionais e de valorização do património objeto de constantes degradações.
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